segunda-feira, 31 de outubro de 2011

The Vampire Diaries e sua qualidade sobrenatural


Em tempos de Crepúsculo e vampiros que brilham no sol, não fica difícil constatar que a mitologia dessas criaturas sobrenaturais foi jogada no lixo. Pior do que isso, virou uma moda distorcida, que pouco honra a mitologia original ou os bons filmes e seriados de antigamente, que procuravam tratar do assunto de forma mais fiel e menos ridícula.

Com a explosão da Saga mencionada anteriormente, fiquei meio avesso a atual onda vampiresca, apesar de ter sempre apreciado esse tipo de história na minha época de moleque.

Essa foi uma das razões, inclusive, pela qual passei bom tempo ignorando The Vampire Diaries, um seriado baseado em livro homônimo, que parecia pegar carona no sucesso de True Blood (série de vampiros da HBO, que por sua vez pegava carona no sucesso de Edward e Cia.).

Lembro que só fui dar uma chance ao programa após o fim da segunda temporada, depois de muita insistência de amigos, que juravam de pés juntos que a série valia a pena.

Incrédulo no começo, mas sempre com a mente aberta, passei a acompanhar a história dos irmãos Salvatore, e desde logo fiquei satisfeito com o respeito - na maior parte do tempo, pelo menos - que a série possuía com a mitologia dos vampiros.

Com o avançar dos episódios, o seriado evoluiu de um passatempo prazeroso para um vício instantâneo, dada a altíssima e inesperada qualidade do roteiro e do elenco. O que tinha tudo para ser uma história inócua foi se tornando em algo mais complexo e ousado, com reviravoltas genuinamente surpreendentes e um enriquecimento notável do universo abordado pela série.

Após duas temporadas "devoradas" em cerca de duas semanas, eu já me considerava fã declarado do programa. E sem qualquer vergonha.

Embora muitos possam torcer o nariz pro que a série aparenta ser, o fato é que ela é um dos programas mais inventivos no ar atualmente. E isso é ainda mais admirável quando lembramos que a série não pertence a HBO ou outro canal fechado, que normalmente fornecem mais liberdade artística aos seus programas.

Se a primeira temporada criou um nível alto, o segundo ano realizou a façanha de elevar a qualidade para outro patamar. Inclusive, estava receoso quanto a terceira temporada, que deve estrear no Brasil em breve. No entanto, pelos episódios que já conferi, o programa só tem evoluído e vem se tornando cada vez mais excepcional.

Aliás, uma das qualidades mais admiráveis em The Vampire Diaries é sempre seguir em frente com a narrativa, sem estagnar e tampouco esquecer eventos do passado, sempre deixando tudo bem amarrado.

Enquanto muitas séries ficam repetitivas ou perdem a mão na qualidade - o que aconteceu, inclusive, com True Blood, outra série com temática semelhante - o seriado dos irmãos Salvatore e da mocinha Elena mantém a forma e está sempre inovando e dando orgulho pra quem a acompanha.


O programa, inclusive, me remete às nostálgicas Buffy - The Vampire Slayer e Angel, que à primeira vista pareciam bobagens, mas que tinham algo especial e eram transgressoras a seu modo, aproveitando o mundo fantástico para arriscar em terrenos que as séries "normais" não se atreviam a passar.

Por tantas razões, que nem cabem aqui, The Vampire Diaries é uma série que recomendo sem medo de errar na indicação. Ou de ser taxado como louco.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Kelly Clarkson: O que não mata, fortalece


Vencedora da primeira edição do American Idol (no longínquo ano de 2002) e prova de que um grande artista internacional pode ser descoberto em um reality show musical, Kelly Clarkson já tem quase 10 anos de carreira nas costas, sendo pontuada por vários altos e baixos.

Após um primeiro álbum (Thankful, 2003) que passou batido no Brasil, ela alcançou projeção mundial com o segundo trabalho (Breakaway, 2004), que deu origem a vários hits e um Grammy de melhor álbum pop.

Depois do alcançar o topo, ela amargou o fracasso com um trabalho mais autoral (My December, 2007) e que não colou muito com o grande público. Pra tentar fazer as pazes com o sucesso, ressurgiu com um trabalho mais comercial (All I Ever Wanted, 2009), que rendeu alguns bons frutos, mas não era muito profundo.

No meio disso tudo, Kelly ainda passava pelas constantes brigas com a gravadora, uma vez que ela queria mais liberdade artística enquanto eles só queriam saber de vender um produto embalado.

Após anos de desentendimentos nos bastidores, ela e a gravadora parecem ter entrado em sintonia e, com isso, todo mundo trabalhou de mãos dadas pro mais novo trabalho da cantora (Stronger, 2011), com lançamento pra esse mês.


O resultado: provavelmente o melhor trabalho da Kelly Clarkson até então.


Recheado com hits em potencial e marcado por uma produção caprichada, Stronger demonstra um notável amadurecimento da cantora, que ao invés de fazer um trabalho pop vazio ou algo autoral que só a família iria gostar, procurou fazer algo de qualidade e que ainda pudesse ser tocado nas rádios.

Em resumo, uma união entre o "comercial" e o "autoral", que só os melhores artistas conseguem fazer.


Eu queria destacar as melhores faixas do trabalho, mas tem tanta música boa que fica complicado. Mas posso dizer que Dark Side, Honestly, You Love Me, The War Is Over, Let Me Down e You Can't Win caíram no meu gosto bem fácil.


Sem contar Mr. Know It All, uma baladinha agradável que vem servindo de carro-chefe pra esse novo empreendimento.

E, claro, What Doesn't Kill You (Stronger), que reflete não somente a temática do cd, como também o estado de espírito da cantora nessa atual fase: O que não mata, fortalece.

E se todos os problemas com gravadora e os altos e baixos não tiraram Kelly do círculo dos grandes nomes da música pop, não vai ser tão cedo que a carreira dela vai morrer... Ainda mais com um trabalho tão bom em mãos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Noel, o irmão Gallagher mais talentoso


O finado Oasis foi um dos maiores grupos na década de 90 e começo do século 21. Com grandes sucessos em seu repertório, o trunfo da banda consistia em unir dois grandes talentos, oriundos da mesma família: Liam e Noel, também conhecidos como os irmãos Gallagher.

Embora eles fossem pedantes e dotados de um ego inflado - Chegando ao ponto de se auto-proclamarem a melhor banda desde os Beatles - o fato é que os irmãos deixaram um legado admirável no cenário rock, cravando seu espaço no mundo da música.

Com o término do grupo, em virtude das incansáveis brigas entre Liam e Noel, cada um seguiu seu rumo, investindo em novos projetos.

O primeiro disparou na frente e montou uma nova banda, chamada Beady Eye, que equivale a um Oasis sem Noel, pois todos os membros já passaram pelo extinto grupo. O segundo, por sua vez, investiu em um projeto inteiramente solo, chamado Noel Gallagher's High Flying Birds, cujo primeiro álbum chega às lojas em outubro.

E só de ouvir as músicas divulgadas até o momento, dá pra constatar um detalhe que sempre foi uma incógnita, mas que agora fica mais claro: Noel é o irmão Gallagher mais talentoso.

Não que Liam seja carente de talento. Imortalizado como a voz principal do Oasis, ele também é um ótimo compositor e faz bonito a frente do Beady Eye. No entanto, ao ouvir o projeto solo do Noel, percebe-se que a grande essência do Oasis estava nele.

Com o Noel Gallagher's High Flying Birds, o irmão mais velho, sozinho, consegue fazer um projeto superior ao do irmão caçula, que conta com a antiga trupe.

Os defensores do Liam podem argumentar que Noel é o irmão menos inventivo, por soar demais com o Oasis mesmo após o término do conjunto. Mas o fato é que tanto o High Flying Birds quanto o Beady Eye lembram a falecida banda, sendo que Noel se sai consideravelmente melhor em compor músicas mais marcantes.

Com a divertida "Death of You and Me", a agitada "AKA... What a Life!" e a belíssima "If I Had a Gun", Noel mostra que ele, no fundo, foi o grande compositor por trás do Oasis e continua a esbanjar talento para criar músicas marcantes e envolventes.

Beady Eye nos deu um bom trabalho no começo do ano, com o álbum "Different Gear, Still Speeding", que contém a incrível "The Roller", que escutei repetidamente até enjoar. Contudo, o Noel Gallagher's High Flying Birds nos deu um dos melhores álbuns de rock de 2011.

Recomendo!